quinta-feira, 18 de março de 2010

Em defesa da Casa do Estudante!

No final do ano passado (2009) a governadora Yeda Crusius entrou na Assembléia Legislativa com o projeto de lei número 184/2009, que solicita a venda do imóvel onde hoje funciona a Casa do Estudante Universitário Leopoldense (CEUL). A CEUL abriga desde 1969 estudantes de baixa renda que vem do interior do estado para os cursos de graduação da Unisinos. O prédio pertence ao DAER (Departamento de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Sul) e estava inutilizado desde o final da década de 70, quando foi ocupado pelos estudantes que haviam sido despejados pelo poder municipal do prédio onde hoje funciona a Câmara de Vereadores.

Em 1980, quando os estudantes foram despejados do espaço da atual Câmara de Vereadores de São Leopoldo, uma vez que o poder público não disponibilizou outro prédio, os estudantes ocuparam o espaço, então abandonado, como forma de pressão sobre o estado e o município. Desde então os estudantes tem garantido de forma autônoma sua permanência no espaço, sendo o prédio alvo de constante cobiça por parte do capital comercial, que pretende comprá-lo para efetuar sua demolição e efetivação de projetos como a extensão do estacionamento do shopping Bourbon, ou a construção de edifícios comerciais que venham a atender a demanda de expansão do mercado imobiliário em São Leopoldo.O projeto de venda da casa apresentado pelo governo Yeda está ligado a este processo de avanço da especulação comercial sobre o centro de São Leopoldo. Defendemos a retirada deste projeto, pois envolve uma dupla agressão ao interesse público no estado do Rio Grande do Sul. Primeiro envolve a destruição de um patrimônio histórico material da cidade de São Leopoldo, pois o prédio onde atualmente se localiza a Casa do Estudante guarda em si marcas de vários momentos diferentes pelo qual passou a cidade de São Leopoldo, passando de produto do processo de expansão capitalista na região a vítima desta própria expansão que o relegou a espaço subutilizado do ponto de vista comercial, e portanto apto a destruição. É parte da história do município que deve ser preservada da destruição.

Em segundo lugar, o prédio cumpre hoje uma função pública referente ao direito a educação e moradia, garantE um direito que o Estado tem sido incapaz de assegurar. Desde a implementação do PROUNI as universidades privadas tem recebido um contingente de estudantes oriundos das camadas mais pobres da população brasileira, um conjunto de estudantes para os quais alimentação, transporte e moradia não são necessidades satisfeitas com a facilidade que a classe média que freqüenta a universidade em nosso país costuma satisfazê-las.

A REOCUPAÇÃO massiva do prédio é a única forma de defendermos a casa do estudante. Por isso hoje, o prédio não serve apenas como espaço de moradia estudantil, mas, também enquanto espaço de construção de uma cultura política juvenil, estruturada a partir da opção dos estudantes de participar da vida social e política da cidade. Também estamos promovendo uma ampliação de vagas na casa. O imóvel que antes era ocupado por quinze pessoas terá a partir de abril de 2010, 24 ocupantes em um processo de expansão cuja meta é alcançar trinta vagas para o segundo semestre.

São Leopoldo, março de 2010.


OCUPANTES DA CASA DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO LEOPOLDENSE – CEUL

OCUPAR,
RESISTIR,
PRA MORAR E ESTUDAR!

Rafael Oliveira

Um comentário: